Inalcançável panteão
Lar da luz que guia todas as massas
Soberana inspiração, tão frágil
Mas pode separar credos e raças

Como eu queria estar lá
Vender a benevolência para conseguir guiar
Astúcia que tende a falhar, culpa que me assombra
Sombra minha que tenta me derrubar

Vejo a discórdia presente em cada passo
Em cada esquina, em cada lar
Impiedosa, roubando a inocência
De quem tenta se esquivar
Vasto oceano, digerindo promessas

Abatendo a confiança
Aqui se faz, aqui se paga
E se renova todo tipo de vingança
(Sapientia sacra)

Nada pode consertar o que já se perdeu
Olhos cegos tentam me fitar
Mas também já não posso mais reconhecer quem sou eu

Oprimido por tanta desgraça
Mão de ferro a quem tentar intervir
Cercado como presa na caça
Humilhado como exemplo a quem tentar repetir
Essa é a glória do nosso reino

Não há chance de nenhuma falha
Apenas se ajoelhe aos nossos pés
E aceite morrer primeiro no front de batalha
Nasça sem pensar, nada de questionar, nada de tentar mudar
Objetivo e cruel, mas tão frágil que é condenável discordar

Dor e abandono, armas que segregam povos
Que só sabem o que é sofrer
Ascendência maligna
Que explora o cordeiro indefeso para depois abater

Demônios se erguem na forma
De quem poderíamos muito bem chamar de irmãos
Incansáveis e cruéis, violam justos
Inocentes, cegos, surdos, loucos, sãos
Sobrevivemos nessa guerra
Mas me diga o que será de nós agora?

Correndo sem saída e sem luz
Apenas adiando cada vez mais a nossa hora
Olho que tudo vê
Responda minha prece
Diga se podemos renascer
Inspirados pelo que nos enriquece
Apenas sonho em recomeçar

Composição: Joel Gomes / Vinicius Souza