395px

Encharque

Alexandre Nero e a Maquinaima

Encharque

Se na senzala a tecedeira ao se cansa
Na camisa que é rasgada
Do pescoço que é ferido
E o couro que é molhado pelo encharque
Do pé que se castiga
Na frase que é encantada

Percussão de tamanco é dança
Terreiro que é candomblé é dança
Sopapo de capoeira é dança

Dança de mulata
Tiro de polaca
Grito que saiu pela culatra.
Um risco na folha
É muito arriscado

A letra é esse
O sentido é esse
O quebrado é osso.

Encharque

En la choza la tejedora se cansa
En la camisa que está rasgada
Del cuello que está herido
Y el cuero que está mojado por el encharque
Del pie que se castiga
En la frase que está encantada

El zapateo es danza
El patio de candombe es danza
El golpe de capoeira es danza

Danza de mulata
Disparo de polaca
Grito que salió por la culata
Una marca en la hoja
Es muy arriesgado

La letra es esa
El sentido es ese
Lo quebrado es hueso.

Escrita por: Alexandre Nero