Nos Tempos Em Que Eu Cantava

Nos tempos em que eu cantava
Pelos recintos bairristas
Era o fado mais calado
Mas haviam mais fadistas

Os que me vêm tristonho
Quando os meus cantares disperso
Não sabem que vivo imerso
Na divagação de um sonho
Quando em retorno transponho
Da vida, a vereda brava
Que fundas rugas me cava
E o bom humor me dilui
Recordo triste o que fui
Nos tempos em que eu cantava

Se recordar é viver
Só de recordações vivo
Com o coração cativo
Ao que não posso esquecer
Parece que estou a ver
As multidões tão simplistas
Num culto igual aos deístas
Ouvindo em silêncio o fado
Tal como era cantando
Pelos recintos fadistas

Entre fadistas de lei
Com o meu concurso não falto
Tenho orgulho em ser da grei
Dos faias do Bairro Alto

En los tiempos que canté

En los tiempos en que cantaba
Por recintos vecinales
Era el fado más tranquilo
Pero había más fadistas

Los que me ven triste
Cuando mis canciones se dispersaron
No saben que vivo sumergido
En el vagar de un sueño
Cuando a cambio transpongo
De la vida, el camino valiente
Que profundas arrugas me cavan
Y el buen humor me diluye
Recuerdo triste lo que fui
En los tiempos en que cantaba

recordar es vivir
solo recuerdos vivos
con un corazón cautivo
lo que no puedo olvidar
me parece ver
Las multitudes tan simplistas
En un culto como los deístas
Escuchando en silencio el fado
como estaba cantando
Por las salas de fado

Entre ley fadistas
Con mi concurso no me pierdo
Estoy orgulloso de ser del gris
De las hayas del Bairro Alto

Composição: Fernando Teles / Pedro Rosa *fado rosa*