Eu nunca pedi bexiga pra patrão ou pra milico
Por isso, ninguém me obriga a ser pelego ou pinico
Não choro por rapariga, nem tiro chapéu pra rico
E onde a gaita choraminga, eu ganho a vida no bico
E onde a gaita choraminga, eu ganho a vida no bico

Jamais arrotei grandeza, pois fortuna não me encanta
Porque a minha riqueza, Deus já me deu na garganta
Sou mais um que vira a mesa e faz chover quando canta
Pois pra pelear com a tristeza, a minha voz se levanta
Pois pra pelear com a tristeza, a minha voz se levanta

Sou do Rio Grande do Sul e, por isso, não me calo
Por entre o verde e o azul, em qualquer parte me instalo
Onde não querem que eu cante, meu canto vai de a cavalo
Levando a noite por diante, igual ao canto do galo
Levando a noite por diante, igual ao canto do galo

Pra galinho ou pra tirano, quando a dita se escancara
Não saio queimando o pano pra ver a coisa mais clara
No sufoco, eu me abano, faço saltar as amarras
Atazanando o fulano com acordes de guitarra
Atazanando o fulano com acordes de guitarra

Por bem, me levam a guaiaca, fico liso, sem um pila
Porém, a ponta de faca ninguém me tira da trilha
E afinal, não tenho marca, nem herança de família
Porque um dia, eu nasci guasca, no lombo destas coxilha'
Porque um dia, eu nasci guasca, no lombo destas coxilha'

Composição: Vaine Darde / Pedro Ortaça