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Cálice, Afasta de Mim Esse Pai!

Banda Estragona

Cálice, afasta de mim esse pai!
Cálice, afasta de mim esse pai!
Cálice, afasta de mim esse pai!
De sangue tinto de vinho.

Como é calado acordar difícil
Se dando na noite eu me dano
Quero, mano, lançar um grito dando
Que é uma maneira de lançar grito dando
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atordoado
Na arquibancada dando pra qualquer mano
Ver emergir o monstro da lagoa dando

Cálice, afasta de mim esse pai!
Cálice, afasta de mim esse pai!
Cálice, afasta de mim esse pai!
De sangue tinto de vinho.

De muito porca a gorda já não anda! (Cale-se)
De muita usada a gorda já não corta!
Como é difícil, (pai) pai, abrir a porca! (Cale-se)
Essa porca presa na garganta!
Esse peito homérico de pileque
De que adianta ter vontade de peito?
Mesmo calado o peito resta cu
Cu dos bêbados do centro da cidade

Cálice, afasta de mim esse pai!
Cálice, afasta de mim esse pai!
Cálice, afasta de mim esse pai!
De sangue tinto de vinho.

Talvez o mundo não seja cu
Nem seja a vida um cu consumado (cale-se, cale-se)
Quero inventar o meu próprio cu (cale-se, Cale-se)
Quero cu do meu próprio

Pai, afasta de mim esse pai!
Cálice, afasta de mim esse pai!
Cálice, afasta de mim esse pai!
De sangue tinto de vinho.

Escrita por: Chico Buarque / Milton Nascimento