Atira pra matar
há um pouco de decência na vagabundagem
alguma honestidade na ingratidão
e hoje tem banho de sol
na sua prisão de grades invisíveis
e os seus sonhos mais incríveis
ficaram do portão pra fora
e o que restou agora
o dilema de sobreviver
atira pra matar ou sangra até morrer
ninguém vai se importar com o que acontecer
e tudo tão igual e sempre no final
é você trancado no seu mundo sujo
eu tive um sonho onde ninguém atirava
e a janela da esperança não fechava
onde seu sangue não sujava meu chão
a liberdade já não era um palavrão
os corpos caem e eu prefiro não ver
mas esse é o dilema eu tenho que sobreviver
a bala perdida passa bem perto de mim
será que um dia essa porra vai ter fim
teu carro não é blindado
e o pneu já foi furado
o moleque ta armado
vai te acertar
não fica na rua o foguete subiu
o fardado vai chegar pra tentar mirar
e atira pra matar
e atira pra matar
há um pouco de medo em todo lugar
alguma claridade na escuridão
sua vida é tão normal
no seu olhar imagem da frieza
e o seu mundo é incerteza
ou certeza de que nada é certo
ninguém fica perto
de quem pode matar ou morrer

Composição: Adriano Nazareth / Sancho Freitas / Tiago Alexis / Vinicius Beltrão