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K2 (part. JEHU e SHAO KANE)

Berith

A vida é bela mais perto do início
Por isso eu sempre revivo o começo
Já quebrei o tempo buscando um sentido
Porque nada disso me faz sentir inteiro

Esboço de algo que eu não reconheço
Difícil é não ter tropeço
Tipo um fogo mantendo aceso
Lembrança de tudo que existiu aqui dentro

Há tanto tempo eu não sei o que é tempo
Perdido e sem eixo, não sinto mais nada
Eu sei que eu tô longe de um bom recomeço
Ou de algum rumo certo nessa caminhada

Que é tipo um retrato mais puro, eu me vejo
Sempre em busca de um último desejo
Tu fala que sabe o que passa aqui dentro
Mas como, se às vezes nem eu mesmo entendo?

É nas planícies do pampa congelado
Caindo chuva e geada
Seguido, vigiado, espírito condenado

Passo ecoa no prado
Espaço soa no alto
Sempre que eu solto o ar
Consigo ver a fumaça

Um dia tu é caça e no mesmo é almoço
O preço é salgado mas o gosto é insosso
Abutre comendo tutano do osso
Te distraiu, não sobrou nem caroço

Habitando esgoto a céu aberto
Mais do que inóspitavel
Nada daqui é certo
Quanto mais tu tenta olhar de perto
Mais que se torna claro
Nada daqui é vero

Jehu chegou no cúmulo
Tu acumula número
Eu acumulo úmero
Tíbia e fêmur no túmulo

Suma de tudo é fúnebre
Sumir de tudo é o rumo
Consumindo todo mundo
Da superfície até o fundo

Tem vez que não tem graça
Dentro de mim um ódio que nunca passa
A geada cai do alto e pinta a vidraça
O coração congela
Com o frio que abraça

Muito difícil sobreviver aqui
Não desejo nem pro meu inimigo
Cair nessa vivência
Naturalmente nocivo
Nada substitui a experiência

Tô há vários anos tentando entender
O que leva esses caras a ficar tentando
Se tudo é sempre vazio
Nada leva pra cova
Tudo na terra, sempre aonde fica

Eu sou a porta pra tu ir pra cova
Tem dúvida? Então me testa, não
Não aproxima, o perigo trazido
É intacto e vão

Torra dia em cima de dia
Tando na contramão
Compreendendo o fim do princípio

Não tem novidade: A vida
Começa e morre, vaidade
Não resta uma questão

Escrita por: berith / JEHU / SHAO KANE