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Vidro Quebrado

Bruma das Cicatrizes

Eu te chamo pra sentar na beira do abismo
Onde não se pode mais usar disfarces
Me mostre as mãos que sustentam o cinismo
Que transformou todos os nossos lares em cárceres
Me diz se a felicidade que eu te dei era um peso
Ou se o meu amor era só um material de estudo
Para o próximo capítulo infeliz do seu avesso
Se o seu sorriso era só um código mudo

A luz se apaga e a cena fica em preto e branco
E nesse silêncio ensurdecedor, eu finalmente ouvi
É tarde para remendar o último flanco
É hora de aceitar o que eu perdi
Em você

Não se demore, me garanta que o fim é real
Eu escrevi 'adeus' na minha própria pele
Não há mais eu aqui, nem chance de recomeço, nem sinal
Minha alma decidiu que você não cabe nela
A estrada é única, a sua e a minha são partidas
Eu juro: Não restou cinza desse amor

Eu fiz a auditoria dos seus castelos de areia
E cada torre ruída me provou o alarme
Descobri que a beleza era a pior das cadeias
E a sua calma, o último e letal charme
Você não era o porto, era o naufrágio pronto
Onde a minha âncora era só um ornamento inútil
Eu rasguei o contrato onde eu era seu conto
E me livrei da dor que me deixava dócil
Agora o espelho não reflete mais a vítima
Só a pessoa que se negou a ser refém
Eu juro: A sua história não me faz mais íntima
E o nosso verbo 'amar' não conjuga mais ninguém

Não se demore, me garanta que o fim é real
Eu escrevi 'adeus' na minha própria pele
Não há mais eu aqui, nem chance de recomeço, nem sinal
Minha alma decidiu que você não cabe nela
A estrada é única, a sua e a minha são partidas
Eu juro: Não restou cinza desse amor

Agora eu vejo a areia escorrer por entre os seus dedos
E a arquitetura fria do seu olhar começa a queimar
A máscara rachou e revelou os seus medos
E eu confesso: É belo te ver naufragar
Você procurava a vítima, mas só achou o incêndio
O caos que me deu, é o fogo que te acende agora
Eu me demito do papel de seu grande flagelo
E celebro o silêncio que o seu desespero forja
A minha paz tem o sabor ácido da sua derrota
Seu castelo de cinismo desmorona sem mim

Não se demore, me garanta que o fim é real
Eu escrevi 'adeus' na minha própria pele
Não há mais eu aqui, nem chance de recomeço, nem sinal
Minha alma decidiu que você não cabe nela
A estrada é única, a sua e a minha são partidas
Eu juro: Não restou cinza desse amor

Deste amor
Seu sorriso era só o código, agora desfeito
Você não cabe em mim
Você não cabe mais
Não cabe no meu peito
E o cinza é só a prova de que valeu queimar

Escrita por: Bruma das Cicatrizes / Dj Murmurio