395px

Boy

César Passarinho

Guri

Das roupas velhas do pai queria que a mãe fizesse
Uma mala de garupa, uma bombacha e me desse

Queria boinas, alpargatas e um cachorro companheiro
Pra me ajudar a botar as vacas no meu petiço sogueiro

Hei de ter uma tabuada e o meu livro queres ler
Vou aprender a fazer contas e um bilhete escrever
Pra que a filha do seu Bento saiba que é meu bem-querer
E se não for por escrito eu não me animo a dizer

Quero gaita de oito baixos pra ver o ronco que sai
Bota feitio do Alegrete e esporas do Ibirocai
Lenço vermelho e guaiaca compradas lá no Uruguai
Pra que digam quando eu passe: Saiu igualzito ao pai!

E se Deus não achar muito tanta coisa que eu pedi
Não deixe que eu me separe deste rancho onde eu nasci
Nem me desperte tão cedo do meu sonho de guri
E de lambuja permita que eu nunca saia daqui
E de lambuja permita que eu nunca saia daqui

Boy

From my father's old clothes, I wanted my mother to make
A saddlebag, a pair of baggy trousers, and give them to me

I wanted berets, espadrilles, and a loyal dog
To help me herd the cows in my little field

I will have an abacus and you want to read my book
I will learn to do calculations and write a letter
So that Mr. Bento's daughter knows she is my sweetheart
And if it's not written, I don't have the courage to say

I want an eight-bass accordion to hear the sound that comes out
With the style of Alegrete and spurs from Ibirocai
A red handkerchief and a leather pouch bought in Uruguay
So they say when I pass by: He looks just like his father!

And if God doesn't find it too much, all the things I asked for
Don't let me leave this ranch where I was born
Don't wake me up so early from my boyhood dream
And as a bonus, allow me to never leave here
And as a bonus, allow me to never leave here

Escrita por: João Batista Machado / Julio Machado Da Silva Filho