Manso remanso que murmura docemente
Neste retiro silencioso no sertão
Os cavaquinhos dando volta na corrente
Com a cigarra a zunir no espigão
De muito longe vem o som da fazendinha
É o retireiro a tratar da criação
O sol se põe, a tarde cai, a noite desce
Neste amado fim de mundo quase morro de emoção

Piá de novo meu querido bacurau
Na velha cava que outrora foi caminho
Enquanto fazes contra canto à urutau
Deixa que eu volte ao passado com carinho
Serra das Mesas, lá morou a tia Zefa
Tia Abadia, um pouco além, no Douradinho
Pelas quebradas há um canto diferente
Rouxinol desiludido que retorna hoje ao ninho

O sertanejo sempre volta às origens
No desespero de encontrar tranquilidade
Embora quase não existam matas virgens
A gente encontra os retalhos de saudade
Uma tapera com os restos de um curral
São fragmentos do que foi a mocidade
Se a saudade é um bem que me faz mal
Vou vivendo de lembranças para ter felicidade

Composição: Francisco Do Carmo / Goia