No tempo em que o negro chegava fechado em gaiola
Nasceu no Brasil
Quilombo e quilombola
E todo dia, negro fugia, juntando a curriola

De estalo de açoite de ponta de faca
E zunido de bala
Negro voltava pra Argola
No meio da senzala

E ao som do tambor primitivo
Berimbau, maracá e viola
Negro gritava: Abre ala
Vai ter jogo de Angola

Perna de brigar
Camará

Perna de brigar
Olê

Ferro de furar
Camará

Ferro de furar
Olê

Arma de atirar
Camará

Arma de atirar
Olê, olê

Dança guerreira
Corpo do negro é de mola
Na capoeira
Negro embola e desembola
E a dança que era uma festa para o dono da terra
Virou a principal defesa do negro na guerra
Pelo que se chamou libertação
E por toda força coragem, rebeldia
Louvado será todo dia
Esse povo cantar e lembrar o Jogo de Angola
Na escravidão do Brasil

Perna de brigar
Camará

Perna de brigar
Olê

Ferro de furar
Camará

Ferro de furar
Olê

Arma de atirar
Camará

Arma de atirar
Olê, olê

Composição: Mauro Duarte / Paulo César Pinheiro