395px

Época errada

Combinado Silva Só

Época errada

As vezes penso
Em uma noite enluarada
Nasci na época errada
Minha alma é de outra geração
Não sou da geração coca-cola
Sou fã é de Cartola
Gosto de samba-canção

Samba pra mim tem que ter telecoteco
De preferência no boteco
Não na mansão do Batel
E a poesia para fazer aquele efeito
Tem que bater no meu peito
E não fazer um escarcéu

Não sou da "night"
Gosto da noite mesmo
Não vou ao "point"
Pois não gosto de atropelo
Não sou do fast-food
Mas sou da feijoada
carrego minha "Cruz"
Por não entrar numa "balada"

Pagode pra mim
É reunião da rapaziada
Não samba ruim
Cartaz pra malandro de nada
O salão pra mim sagrado
Solo pra riscado e miudinho
Um passo arrendondado
Não para o qualquer quadradinho
(solo cordas ou sopro)

Levo a vida devagar
Pois ela passa de pressa
E se eu não a chamar
Na certa não me espera
A vida é muito breve,
Pra se esperar tantas horas.
Na fila da ostentação.
Eu prefiro a simplicidade:
Um sal grosso com a moçada,
Ou qualquer bar de verdade.

Época errada

A veces pienso
En una noche de luna llena
Nací en la época equivocada
Mi alma es de otra generación
No soy de la generación coca-cola
Soy fan de Cartola
Me gusta el samba-canção

El samba para mí tiene que tener telecoteco
Preferiblemente en el bar
No en la mansión de Batel
Y la poesía para causar ese efecto
Debe golpear en mi pecho
Y no armar un escándalo

No soy de la 'night'
Me gusta la noche de verdad
No voy al 'point'
Pues no me gusta la aglomeración
No soy de la comida rápida
Pero sí de la feijoada
Cargo con mi 'Cruz'
Por no entrar en una 'balada'

El pagode para mí
Es reunión de la chavalería
No samba malo
Cartel para los maleantes de nada
El salón para mí es sagrado
Suelo para el riscado y el miudinho
Un paso redondeado
No para cualquier cuadradito
(solo cuerdas o viento)

Llevo la vida despacio
Pues pasa rápido
Y si no la llamo
Seguro no me espera
La vida es muy corta
Para esperar tantas horas
En la fila de la ostentación
Prefiero la simplicidad:
Un poco de sal con la gente
O cualquier bar de verdad.

Escrita por: Bruno Silva Só / Ricardo Salmazo