É bem mais escuro antes do amanhecer
Somente o pajé pode ver os Tapuins na escuridão
Obscuros em procissão
Eu uso o poder das plantas e dos minerais
Para seduzir o divino espírito do Deus ancestral
Preparem os caçadores para o ritual
As varas de embira vão te ferroar
Lave seus olhos com veneno de cobra
Eerga o totem do animal sagrado Acanguçu
Pajé dança e canta na tucaia assombrada
A metamorfose do serpentum encantado vai revelar
A sedutora aranha armadeira
Guardiã das máscaras de madeira
A rainha das sombras a fiandeira
Vai libertar do casulo o temido bicho das trevas
Corre nas matas de uma Amazônia paleolítica
Onde as plantas são gigantes carnívoras
E habitam animais diferentes devoradores de gente
Saltando de galho em galho
Afugentando os leviatãs
Onças com cabeças de pássaros, Ibiriunas, Wa’riwa
Incorporando a dança letal das serpentes
Todos os índios cabeças vermelhas no tronco das árvores
Batendo as asas feito anaçã alcancem os céus
E vejam com os olhos da fera o que os mortais não podemver
Ireru, Ireru, Ireru, Irerua
Sou Tupi, sou Tupi–Kawahiva
Sou a resistência do velho Ipají
Eu sou a fé, eu sou pajé
Eu sou ritual