Não dá mais pra ver na escuridão
Onde os seus olhos não me deixam só
Se o caminho é a minha solidão
Na sua garganta eu me sinto um nó
Desde que haja luz numa contramão
Qualquer destino pra eu me entregar
Na minha sede súbita, sua imensidão
Chovem sussurros pra eu me afogar
A sua carne ferve na palma da mão
Saliva doce pra eu me embriagar
O seu cheiro turva a minha visão
Mergulha fundo sem nem respirar
Como um revolto no meu coração
Sem vento ou rumo pra me orientar
Uma bomba ou surto de revolução
Se rende aos poucos pra eu me entregar
Se eu te fizer pensar
Que eu nem me importo mais
Pode fazer melhor
Que o que foi pra nós dois?
Se eu me afastar de vez
Do que ficou em nós
Posso dizer que nunca mais?