Oceano da Vida
Vejo no espelho o meu rosto envelhecido
Qual oceano após a sanha de um tufão
A espuma branca são meus cabelos grisalhos
Minha calvície é a praia da solidão.
As minhas rugas são as ondas traiçoeiras
Que se avolumam com os fortes vendavais
Meus olhos fundos são dois barcos naufragados
Que sobre as ondas não emergem nunca mais
Meus lábios frios já quase mortos
Tem sido o porto tempos atrás
Onde atracavam lábios ardentes
Hoje só resta a solidão do cais
Velhos amores para bem longe voaram
Como gaivotas que se perdem sobre o mar
A mocidade ficou longe como a rocha
Onde só as ondas da saudade vão beijar
Vagando vou como um navio que perde o rumo
Não acho cais onde eu consiga ancorar
É tão pesada a bagagem dos meus anos
Que está fazendo a minha vida naufragar
Océano de Vida
Veo en el espejo mi rostro envejecido
Como un océano después de la furia de un tifón
La espuma blanca son mis cabellos canosos
Mi calvicie es la playa de la soledad.
Mis arrugas son las olas traicioneras
Que se acumulan con los fuertes vendavales
Mis ojos hundidos son dos barcos naufragados
Que sobre las olas nunca emergen más
Mis labios fríos casi muertos
Han sido el puerto tiempos atrás
Donde atracaban labios ardientes
Hoy solo queda la soledad del muelle
Viejos amores volaron lejos
Como gaviotas que se pierden sobre el mar
La juventud quedó lejos como la roca
Donde solo las olas de la nostalgia van a besar
Vagando voy como un barco que pierde el rumbo
No encuentro muelle donde pueda anclar
Tan pesado es el equipaje de mis años
Que está haciendo naufragar mi vida
Escrita por: Jose Fortuna / Zé Carreiro