Caboclo Centenário
Não pretendo ser famoso
Nem quero ser milionário
Moro longe da cidade
Num ranchinho solitário
Não sou patrão de ninguém
Também não sou operário
O sertão me dá de tudo
Não dependo de salário
Pra vender minha colheita
Não tenho intermediário
Sei fazer os meus negócios
Não preciso de empresário
Eu não sou inteligente
Mas também não sou otário
Eu não caio em arapuca
Nem no conto do vigário
No meu rancho de barrote
Tenho só o necessário
Eu não uso anel de ouro
Nem relógio calendário
A floresta é meu jardim
A lagoa é meu aquário
A florada do ipê
Marca meu aniversário
Um cantinho do meu rancho
Me serve de santuário
Onde faço minha prece
Ao Bom Jesus do Calvário
Toda noite eu rezo um terço
A intenção de um missionário
As dez cordas da viola
São contas do meu rosário
Assim vou levando a vida
E comprindo meu fadário
Canto moda sertaneja
Só de tema imaginário
Escrevo versos de amor
Sem pegar no dicionário
Todo mundo assim me chama
De caboclo centenário
Caboclo Centenario
No pretendo ser famoso
Ni quiero ser millonario
Vivo lejos de la ciudad
En una cabaña solitaria
No soy jefe de nadie
Tampoco soy obrero
El sertón me provee de todo
No dependo de un salario
Para vender mi cosecha
No tengo intermediario
Sé hacer mis negocios
No necesito un empresario
No soy inteligente
Pero tampoco soy tonto
No caigo en trampas
Ni en cuentos de estafadores
En mi rancho de madera
Tengo solo lo necesario
No uso anillo de oro
Ni reloj de calendario
El bosque es mi jardín
La laguna es mi acuario
La floración del lapacho
Marca mi cumpleaños
Un rincón de mi rancho
Me sirve de santuario
Donde hago mi oración
Al Buen Jesús del Calvario
Todas las noches rezo un rosario
Por la intención de un misionero
Las diez cuerdas de la guitarra
Son cuentas de mi rosario
Así voy llevando la vida
Y cumpliendo mi destino
Canto música sertaneja
Solo de temas imaginarios
Escribo versos de amor
Sin recurrir al diccionario
Todos me llaman así
Caboclo centenario
Escrita por: Dino Franco / Nonho Chico