395px

Veta de Oro

Dino Franco e Mouraí

Mina de Ouro

O meu pai era caboclo
Do tempo da monarquia
Eu também sou caboclão
Vim do jeito que eu queria

Fui criado no sertão
Com viola e cantoria
Violeiro de antigamente
Quando na viola batia
Distância de légua e meia
O tinido a gente ouvia

Fui tropeiro e fui carreiro
Num brasil que já crescia
Era carro que cantava
E cincerro que tinia

As estradas do sertão
Foram minha academia
Cortando serra e baixada
Conheci a geografia
Tinha hora pra sair
Mas pra chegar só Deus sabia

Eu deixei o meu sertão
Eu troquei de moradia
Estou morando em são paulo
Terra da garoa fria

Conheci uma paulista
Formada em filosofia
Eu fiz um bom casamento
Um tesouro descobria
Quando a viola não dava
A paulista garantia

Quando saí pelo mundo
Meu pai assim me dizia
Meu filho vá devagar
Gato que caça não mia

Aos poucos Deus foi me dando
Tudo quanto eu merecia
Meu burrão já está na sombra
Minha vida está macia
Tem uma mina de ouro
Quem sabe fazer poesia

Veta de Oro

Mi padre era campesino
del tiempo de la monarquía
Yo también soy un campesino grande
Vine como quería

Fui criado en el campo
Con guitarra y canto
Guitarrista de antaño
Cuando tocaba la guitarra
A una legua y media de distancia
Se escuchaba el tintineo

Fui arriero y fui carretero
En un Brasil que ya crecía
Era el carro el que cantaba
Y la campana que sonaba

Los caminos del campo
Fueron mi academia
Cortando sierras y valles
Conocí la geografía
Tenía hora para salir
Pero para llegar solo Dios sabía

Dejé mi tierra natal
Cambié de residencia
Ahora vivo en São Paulo
Tierra de la llovizna fría

Conocí a una paulista
Graduada en filosofía
Hice un buen matrimonio
Descubrí un tesoro
Cuando la guitarra no sonaba
La paulista garantizaba

Cuando salí al mundo
Mi padre así me decía
Hijo mío, ve despacio
El gato que caza no maúlla

Poco a poco Dios me fue dando
Todo lo que merecía
Mi burrón ya está a la sombra
Mi vida es tranquila
Hay una veta de oro
Para quien sabe hacer poesía

Escrita por: Lourival dos Santos