De benguela assim vieram
Meus avós escravizados
Com meus pais encarcerados
De seus lares, despossados
Da angola do além mar

Atracaram no Brasil
Nos negreiros, embarcados
Povos meus tão judiados
E neste solo sagrado
Em são João fomos morar

Minha mãe, isabel Maria
Escrava, serva e fiel
Ganhou o seu ventre livre
Depois da vida cruel
Pra minha vida gerar

Baependi nos esperava
Até a dor no coração
Aos dez anos fiquei órfã
Com Teotônio meu irmão
E meu Deus pra nos guardar

Mas na mala nós trouxemos
A imagem da devoção
Senhora da conceição
Dona do meu coração
Minha sinhá a nos guiar

Minha súplica acontece
Porque eu rezo com fé
Agora é a ocasião
Valei-me senhora da conceição
Três vezes vou proclamar

Guardo minha castidade
Na força da oração
Por Jesus em sua paixão
Sexta-feira minha atenção
Meu jejum pra adorar

Com a herança de meu irmão
Outros irmãos são ajudados
Sendo mais que alimentados
Por Jesus, santificados
Minha sinhá há de cuidar

Eu não junto a mais b
Mas tenho a leitura da vida
Ainda que seja sofrida
Merece ser bem vivida
Pro meu Deus eu agradar

Em minha bem-aventurança
Fui chamada à santidade
E ergui onde vivi
Um santuário em Baependi
Pra minha sinhá venerar

Francisca paula de Jesus
Podem me chamar de Chica
Pois meu nome de batismo
Deve superar o abismo
Entre Deus e o meu amar

Se alguém lembrar de mim
Nos longos anos que virão
Conserve a minha devoção
À minha sinhá da conceição
Pro céu ela te levar

Composição: Dougllas Aguiar