395px

No veo nada

Edmilson Marques

Não Enxergo Nada

Um dia acordei sem enxergar
Dia e noite se confundiram
As coisas não se discerniram
Anoiteceu o meu pensar

Não enxergando nada
Não sei se entro ou saio
Ensaio da cegueira
Ou cegueira do ensaio

Olhando o meu passado
Vi o quanto estava errado
Cego para o amor e a dor
De quem estava ao meu lado

Não enxergando nada
Não sei se entro ou saio
Ensaio da cegueira
Ou cegueira do ensaio

Tentei descobrir através de outro sentido
Tentei usar a audição ou o tato
Veio a confissão como um recado
Eu sou um ser coisificado!

Não enxergando nada
Não sei se entro ou saio
Ensaio da cegueira
Ou cegueira do ensaio

Não vejo seres humanos
Não vejo pessoas!
Apenas sinto coisas
Só vejo objetos inumanos

Não enxergando nada
Não sei se entro ou saio
Ensaio da cegueira
Ou cegueira do ensaio

O olho funciona perfeitamente
Mas a percepção é fragmentária
Vejo cadeiras vivas em minha frente
E só sinto coisas isoladas!

Não enxergando nada
Não sei se entro ou saio
Ensaio da cegueira
Ou cegueira do ensaio

Não enxerguei minha insensibilidade
Não ouvi os outros falarem da minha indiferença
Não senti o nojo da propriedade
Não cheirei as pessoas para saber de sua ausência

Não enxergando nada
Não sei se entro ou saio
Ensaio da cegueira
Ou cegueira do ensaio

O que os olhos não veem o coração não sente
O que o coração não sente os olhos não veem
Ser humano hoje é um extraordinário presente
As coisas ganham vida própria e provocam a cegueira da mente

No veo nada

Un día desperté sin poder ver
Día y noche se confundieron
Las cosas no se distinguieron
Anocheció mi pensar

No viendo nada
No sé si entro o salgo
Ensayo de la ceguera
O ceguera del ensayo

Mirando mi pasado
Vi cuánto estaba equivocado
Ciego al amor y al dolor
De quien estaba a mi lado

No viendo nada
No sé si entro o salgo
Ensayo de la ceguera
O ceguera del ensayo

Intenté descubrir a través de otro sentido
Intenté usar el oído o el tacto
Vino la confesión como un mensaje
¡Soy un ser cosificado!

No viendo nada
No sé si entro o salgo
Ensayo de la ceguera
O ceguera del ensayo

No veo seres humanos
¡No veo personas!
Solo siento cosas
Solo veo objetos inhumanos

No viendo nada
No sé si entro o salgo
Ensayo de la ceguera
O ceguera del ensayo

El ojo funciona perfectamente
Pero la percepción es fragmentaria
Veo sillas vivas frente a mí
¡Y solo siento cosas aisladas!

No viendo nada
No sé si entro o salgo
Ensayo de la ceguera
O ceguera del ensayo

No vi mi insensibilidad
No escuché a los demás hablar de mi indiferencia
No sentí el asco de la propiedad
No olí a las personas para saber de su ausencia

No viendo nada
No sé si entro o salgo
Ensayo de la ceguera
O ceguera del ensayo

Lo que los ojos no ven el corazón no siente
Lo que el corazón no siente los ojos no ven
Ser humano hoy es un regalo extraordinario
Las cosas cobran vida propia y provocan la ceguera de la mente

Escrita por: