Vou revirar os cabarés
Vou vasculhar os botequins
Marcar presença nos cafés sim
Baixar aos últimos confins
Vagar ao leu, desafiar
A madrugada e seus ardis
E depois querer me embriagar
Pra diluir quem não me quis
Vou farejar nos calçadões
Vou enfrentar policiais
Bater ladeiras, escadões
Armar quizumba em pleno cais
Fazer furdunço, ameaçar
Mostrar do que que sou capaz
Depois querer me aniquilar
Pra não perdê-la nunca mais
Vou de repente ensandecer
Deitar nos trilhos do metrô
Deixar a fome me comer
Mamar dez litros de cointreau
Sorver um gole de aguarrás
Jurar que o mundo vai ter fim
Virar manchete nos jornais
Pra ela querer voltar pra mim
Vou suplicar nos botequins
Vou rastejar nos calçadões
Lamber o chão dos cabarés
Vou me flagelar em pleno cais
Ajoelhar nos escadões
Vou respeitar policiais
Chorar baixinho nos cafés
Pra ela querer voltar atrás
Vou simplesmente alucinar
Incendiar meu violão
Xingar a cruz, cuspir no altar
Abrir as grades da prisão
Entrar sem roupa no quartel
Pintar a boca de carmim
Comprar um casarão no céu
Pra ela querer voltar pra mim