395px

Camioneta Blanca/ Doctor del Agro (parte de Paulinho Mocelin)

Fernando e Sorocaba

Camionete Branca/ Doutor do Agronegócio (part. Paulinho Mocelin)

Não posso esquecer o ronco maldito
Da camionete branca que eu nem vi chegar
Tendeu da cachorrada festejando à volta
Em qualquer fim de tarde sem me avisar

Coração ferido cortado de esporas
Cercado de lembranças de rédeas no chão
Aqui nessa cabana tudo é saudade
O peão foi domado pela tal de paixão

Vou vender a fazenda, não quero mais saber
Mudar para bem longe, pra outro país
Eu vou vender meu gado, até os cavalos
Se não posso ter nos braços quem eu sempre quis

O pé de pinheiro que escreveu meu nome
Eu mandei derrubar e fiz uma fogueira
As chamas se propagam, mas a dor não passa
Enxergo o seu rosto em meio à fumaça

Lembranças que ficaram da última vez
Me amou e ainda fez eu acreditar
A camionete branca cruzou o mata-burro
Pra se perder no mundo e nunca mais voltar

Me para um carro que vinha ali do meu lado
Eu já tinha reparado pelo espelho lateral
Gente importante notei que ali transitava
Li nas iniciais da placa, doutor fulano de tal

Baixou o vidro achando que eu era tosco
Fazendo aquele alvoroço, música brega indecente
Onde se viu sujando o asfalto de barro
Coisa de peão relaxado, grosso e pouco inteligente

Mal sabia o cidadão que o meu patrimônio é grande
Estocado no porto seco de cuiabá e campo grande
Na exportação de grãos, domino e não tenho sócio
Sou caboclo conhecido, doutor do agronegócio

Abrindo a porta mostrei o bico da bota
Levando o olho se nota, suja de bosta de vaca
tá na guaiaca o poder que me da o direito
Pois não é nenhum defeito ser guasca e andar de bombacha

Além do mais doutor, já faz mais muitos anos
Que charolês, red ângus compõe meu lote de gado
Sobra os trocados que de quatro em quatro anos
Por farra vou financiando campanha de deputado

Mal sabia o cidadão que o meu patrimônio é grande
Estocado no porto seco de Cuiabá e campo grande
Na exportação de grãos, domino e não tenho sócio
Sou caboclo conhecido, doutor do agronegócio

Camioneta Blanca/ Doctor del Agro (parte de Paulinho Mocelin)

No puedo olvidar el maldito rugido
De la camioneta blanca que ni siquiera vi llegar
Entendí a los perros festejando a su alrededor
En cualquier tarde sin avisarme

Corazón herido, cortado por espuelas
Rodeado de recuerdos de riendas en el suelo
Aquí en esta cabaña todo es nostalgia
El peón fue domado por ese tal de pasión

Voy a vender la finca, no quiero saber más
Mudarme lejos, a otro país
Voy a vender mi ganado, hasta los caballos
Si no puedo tener en mis brazos a quien siempre quise

El pino que escribió mi nombre
Mandé talarlo y hice una fogata
Las llamas se propagan, pero el dolor no se va
Veo tu rostro entre el humo

Recuerdos que quedaron de la última vez
Me amaste e incluso me hiciste creer
La camioneta blanca cruzó el mata-burro
Para perderse en el mundo y no volver nunca más

Detiene un auto que venía a mi lado
Ya lo había notado por el espejo lateral
Gente importante vi que pasaba por ahí
Leí en las iniciales de la placa, doctor fulano de tal

Bajó la ventana pensando que era rústico
Haciendo ese alboroto, música brega indecente
¿Dónde se ha visto ensuciar el asfalto con barro?
Cosa de peón relajado, grosero y poco inteligente

No sabía el señor que mi patrimonio es grande
Almacenado en el puerto seco de Cuiabá y Campo Grande
En la exportación de granos, domino y no tengo socio
Soy un hombre del campo conocido, doctor del agro

Al abrir la puerta mostré la punta de la bota
Al mirar se nota, sucia de excremento de vaca
En el bolsillo el poder que me da el derecho
Pues no es ningún defecto ser gaúcho y vestir bombacha

Además, doctor, hace muchos años
Que charolés, red angus componen mi ganado
Sobre los pocos billetes que de vez en cuando
Por diversión financio campañas de diputados

No sabía el señor que mi patrimonio es grande
Almacenado en el puerto seco de Cuiabá y Campo Grande
En la exportación de granos, domino y no tengo socio
Soy un hombre del campo conocido, doctor del agro

Escrita por: Paulinho Mocelin