395px

Las Tres Cuiabanas

Liu e Léu

As Três Cuiabanas

Eu nasci numa data feliz
Bem depois do dia dezesseis
Por eu ser um menino sem pai
Fui criado com titio Inês
Titio era cuiabano
Nessa lida também me criei
Ele era criador de gado
No seu regime me acostumei
Tinha laço couro de mateiro
Escapava uma rês do mangueiro
Eu deixava correr trinta dias por mês

Fiz viagem pra Mato Grosso
Na comitiva de um calabrês
Titio me deu um burro pampa
Que atendia por nome truques
Foi tirado da tropa rio grande
Outra escolha melhor não achei
Eu deixei pra mostrar minha ciência
Quando lá em Mato Grosso cheguei
Eu bambeei á rédea do pampa
E o laço pegou pelas guampas
Berrava na chincha o zebu jaguanês

Tinha três mocinhas na janela
Juliana, Clarice e Inês
Uma delas estava me gabando
Paulistinha ainda surra vocês
Cuiabano quiseram achar ruim
O meu trinta na cinta eu bambeei
Pra mostra minha ciência melhor
Por capricho o mestiço soltei
Ele tinha as guampas revessa
E o laço escapou da cabeça
Pelas duas mãos eu lacei outra vez.

O patrão me chamou lá pra dentro
Eu entrei com meu jeito cortês
Eu entrei no salão de visita
Lá fiquei rodeado das três
Perguntaram qual era a mais bonita
Vejam só o apuro que passei
Respondi todas as três são iguais
Foi do jeito que eu desaforei
A mais velha é um flor do campo
A do meio é um cravo vermelho
A mais nova é uma rosa quando está de vez.

Na hora da despedida
Foi preciso falar o português
O meu coração ficou roxo
Foi da cor de uma alho chinês
Eu deixei pra dar meus três suspiros
Quando o porto pra cá atravessei
As meninas me escreveram cartas
Brevemente à resposta eu mandei
Vou tomar linha sorocabana
Quero ver as três cuiabanas
Vou ver Juliana, Clarice e Inês

Las Tres Cuiabanas

Nací en una fecha feliz
Mucho después del dieciséis
Por ser un niño sin padre
Fui criado por tío Inés
Tío era de Cuiabá
En esa vida también crecí
Él era ganadero
En su rutina me acostumbré
Tenía lazo de cuero de vaquero
Se escapaba una res del corral
Dejaba correr treinta días al mes

Viajé a Mato Grosso
En la comitiva de un calabrés
Tío me dio un burro pampa
Que respondía al nombre de Truques
Fue sacado de la tropa de Río Grande
No encontré mejor opción
Dejé para mostrar mi habilidad
Cuando llegué a Mato Grosso
Bamboleé las riendas del pampa
Y el lazo agarró por las patas
El zebú jaguanés bramaba en la cuerda

Había tres chicas en la ventana
Juliana, Clarice e Inés
Una de ellas me estaba alabando
'El paulistinha aún os supera'
Los cuiabanos quisieron molestarse
Con mi treinta en la cintura bamboleé
Para mostrar mejor mi habilidad
Por capricho solté al mestizo
Tenía las patas revueltas
Y el lazo se escapó de la cabeza
Con ambas manos lo volví a lazar

El jefe me llamó adentro
Entré con mi manera cortés
Entré en el salón de visitas
Allí me rodearon las tres
Preguntaron cuál era la más bonita
Vean el apuro que pasé
Respondí que las tres son iguales
Fue como me desahogué
La mayor es una flor del campo
La del medio es un clavel rojo
La más joven es una rosa en su punto

En el momento de la despedida
Fue necesario hablar en portugués
Mi corazón se puso morado
Como un ajo chino quedó
Dejé para dar mis tres suspiros
Cuando crucé el puerto hacia acá
Las chicas me escribieron cartas
Pronto les respondí
Tomaré el tren de Sorocaba
Quiero ver a las tres cuiabanas
Voy a ver a Juliana, Clarice e Inés

Escrita por: