Num trote fronteiro de atirar o freio
Vou topando o vento só por desaforo
De ganhar a vida num gateado oveiro
Louco de faceiro junto dos cachorros

Pelo campo fora pelas camperiadas
Apresilho os olhos num florear lindaço
De arrastar pro toso as ovelhas mestra
E tudo que não presta ao de redor do rancho

Me pilcho bem lindo tipo pra o namoro
Cabresteando as rugas deste amor bagual
E ao cambiar das léguas vai boleando a perna
Pra Santana velha do Rio Uruguai

De sovéu bem curto vamo meu cavalo
Amargando pealos neste mundaréu
Atorando as chircas numa manga d'água
Amadrinhando as mágoas sem tirar o chapéu

Semo um do outro sem rasgar baixeiro
Adelgaçando o pêlo neste manancial
Aparando as crinas do pescoço a orelha
De uma égua prenha sem passar o buçal

Composição: MAURO MORAES