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Paisaje de ventana

Milton Nascimento

Paisagem Da Janela

Da janela lateral do quarto de dormir
Vejo uma igreja, um sinal de glória
Vejo um muro branco e um voo pássaro
Vejo uma grade, um velho sinal

Mensageiro natural de coisas naturais
Quando eu falava dessas cores mórbidas
Quando eu falava desses homens sórdidos
Quando eu falava desse temporal
Você não escutou

Você não quis acreditar
Mas isso é tão normal
Você não quis acreditar
E eu apenas era

Cavaleiro marginal lavado em ribeirão
Cavaleiro negro que viveu mistérios
Cavaleiro e senhor de casa e árvores
Sem querer descanso nem dominical

Cavaleiro marginal banhado em ribeirão
Conheci as torres e os cemitérios
Conheci os homens e os seus velórios
Quando olhava da janela lateral
Do quarto de dormir

Você não quis acreditar
Mas isso é tão normal
Você não quis acreditar
Mas isso é tão normal

Um cavaleiro marginal
Banhado em ribeirão
Você não quis acreditar
E eu apenas era

Cavaleiro marginal banhado em ribeirão
Conheci as torres e os cemitérios
Conheci os homens e os seus velórios
Quando olhava da janela lateral
Do quarto de dormir

Você não quis acreditar
Mas isso é tão normal
Você não quis acreditar
Mas isso é tão normal

Um cavaleiro marginal
Banhado em ribeirão
Você não quis acreditar
E eu apenas era

Paisaje de ventana

Desde la ventana lateral del dormitorio
Veo una iglesia, un signo de gloria
Veo una pared blanca y un pájaro volando
Veo una reja, un viejo cartel

Mensajero natural de las cosas naturales
Cuando hablé de estos colores morbosos
Cuando hablé de estos hombres sórdidos
Cuando hablé de esta tormenta
no escuchaste

no quieres creer
Pero esto es tan normal
no quieres creer
Y yo simplemente estaba

Caballero marginal lavado en un arroyo
Caballero negro que vivió misterios
Caballero y señor de la casa y los árboles
Sin querer descanso ni domingo

Jinete marginal bañado en un río
Vi las torres y los cementerios
Conocí a los hombres y sus velorios
Cuando miré desde la ventana lateral
desde el dormitorio

no quieres creer
Pero esto es tan normal
no quieres creer
Pero esto es tan normal
Un caballero marginal
Bañado en un río
no quieres creer
que yo solo estaba

Escrita por: Fernando Brant / Lô Borges