Ela enterrou a última esperança que me restava. E bem fundo.
Eu ainda a amo. Nossa, Deus, como eu a amo.
Mas cada dia é uma luta para conseguir respirar.
Por fora eu sou o que todo mundo vê. Acusado e condenado o tempo todo.
Por dentro eu choro. E choro muito.
Eu não sou mais o que já fui. Não sou quem já fui.
Na verdade, não sei mais quem sou...
Perdi minha identidade quando abracei a dela.
Queria eu que o amor não fosse feito de tantos sacrifícios.
Queria eu que a felicidade fosse mais do que uma ilusão.
Queria que cada sonho meu fosse realizado sem nenhuma gota de sangue e que ela pudesse fazer parte desse meu sonho de vida perfeita, num equilíbrio perfeito.
Mas não vejo mais isso.
Não consigo imaginar meus sonhos realizados e nem uma vida feliz com ela.
Dizem que grandes artistas são feitos de grandes emoções.
O artista sofre mais, ama mais, sente mais...
Não sei se sou um artista, mas sei que estou sofrendo muito.
E cada dia pra mim está sendo como se fosse o último.
Não como a ilusão de aproveitar a vida e ter um dia alegre e cheio de vida e cor.
Meus últimos dias são cinzas.
Eu estou sufocado, preso, não consigo respirar.
Mas me sinto com uma algema de ouro nas mãos.
Me ilude e me ofusca, fazendo pensar que esse ouro pode me enriquecer. Mesmo não podendo usá-lo.
Bem que nós podíamos ser felizes, afinal fomos feitos um para o outro e nos amamos.
Mas a paisagem que vejo hoje é outra.
Eu queria que a paisagem pela minha janela fosse dos vales mais lindos e coloridos.
Mas ela é cinza.
E minha vida com ela também.

Composição: