Nós somos os flagelados do vento leste
A nosso favor não houve campanhas de solidariedade
Não se abriram os lares para nos abrigar
E não houve braços estendidos fraternalmente para nós
Somos os flagelados do vento leste

O mar transmitiu-nos a sua perseverança
Aprendemos com o vento a bailar na desgraça
As cabras ensinaram-nos a comer pedras para não perecermos
Somos os flagelados do vento leste

Morremos e ressuscitamos todos os anos
Para desespero de todos os que nos impedem a caminhada
Teimosamente continuamos de pé
Num desafio aos deuses e aos homens
E as estiagens já não nos metem medo
Porque descobrimos a origem das coisas
Quando pudermos
Somos os flagelados do vento leste

Os homens esqueceram-se de nos chamar irmãos
E as vozes solidárias que temos sempre escutado
São apenas as vozes do mar que nos salvou o sangue
As vozes do vento que nos entranham o ritmo do equilíbrio
E as vozes das nossas montanhas
E estranha e silenciosamente musicais
Nós somos os flagelados do vento leste

Morremos e ressuscitamos todos os anos
Para desespero de todos os que nos impedem a caminhada
Teimosamente continuamos de pé
Num desafio aos deuses e aos homens
E as estiagens já não nos metem medo
Porque descobrimos a origem das coisas
Quando pudermos
Somos os flagelados do vento leste

Os homens esqueceram-se de nos chamar irmãos
E as vozes solidárias que temos sempre escutado
São apenas as vozes do mar que nos salvou o sangue
As vozes do vento que nos entranham o ritmo do equilíbrio

E as vozes das nossas montanhas
E estranha e silenciosamente musicais
Nós somos os flagelados do vento leste

Composição: