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Auto-retrato

Nelson Gonçalves

Se eu for contar a minha vida
Qualquer poeta escreve um drama
Já desejei estrelas e alcancei
Mas já pisei na lama

Fiz serenata à luz da Lua
Cantei paixões desiludidas
Gostei de andar à toa por aí
No meio das perdidas

Já fui senhor e dono dos cabarés
Fui recebido como um rei nos bordéis
Vivendo assim deixei meu sangue
Nos velhos botequins do Mangue

Já tive o brilho da riqueza a meus pés
Mas já dormi nos pardieiros e hotéis
Na boemia da cidade
Gastei a minha mocidade

Minha louca fantasia
Foi assim me envelhecendo
Fiz de tudo que podia
E de tudo que eu fazia
Não me arrependo

Quando lembro, que alegria!
Quando conto me comovo
Sei que nada volta um dia
Mas eu juro que faria
Tudo de novo

Escrita por: Ivor Lancellotti / Paulo César Pinheiro