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O Nono Nome

Ordem Velada

Não foi o vento que moveu as colunas
Foi um nome que a pedra reconhece
Não foi a fé que guiou o traço
Foi a ordem oculta, antes da prece
A régua media o que não se via
O compasso girava sem chão
E a mão que desenhou o templo
Não tremia diante da escuridão
Não fez oração fez comando
Desceu ao centro da espiral
Falou com quem habita o abismo
E selou com silêncio ritual
Setenta e dois ao redor do selo
Três pilares guardando o som
E uma luz que não fere os olhos
Mas revela o que nunca se nomeou

Falam do rei, mas não do traço
Do templo, mas não do verbo escondido
O nono nome não cabe em canto
Ele arde em pedra, selado no risco
Não foi o céu que ergueu o templo
Foi a sombra, guiada por medida
Salomão sabia o que carrega um nome
E por isso, o silêncio ainda vibra
Cada traço guardava um espelho
Cada símbolo, um grau de dor
A verdade não estava nos livros
Mas no intervalo entre tempo e cor
Ele não foi santo nem rei
Foi arquiteto da tensão divina
Ergueu um templo que não dorme
Com pedra, sangue e disciplina

O nome esquecido respira na curva
O selo partido revela a ferida
E quem ousa decifrar o diagrama
Deve aceitar que não há saída

Falam da glória, mas não da fenda
Falam da coroa, mas não do abismo
O nono nome não tem palavra
Ele treme no peito dos que viram o risco
Não foi fé nem heresia
Foi saber demais, e voltar marcado
O nome não foi apagado do mundo
O mundo é que foi apagado do nome

Escrita por: Lucas Polonia