No meu rancho chegou um bugio
Bem mais feio que briga de touro
Com cara de sorro faminto
E as costelas bailando no couro
Parecia um burro estropiado
Refugado de algum matadouro

Esse bicho, o bugio que alegria
Que sente alergia por água e sabão
Tropeçou em minha simpatia
Pranchando de vez no meu coração

Dei-lhe bóia e canjica com leite
E por ele fiz tudo o que pude
Fui tirar o cascão do danado
Me escapou lá da taipa do açude
Diz que o banho lhe dá alergia
Água fria faz mal à saúde

Esse bicho, o bugio que alegria
Que sente alergia por água e sabão
Tropeçou em minha simpatia
Pranchando de vez no meu coração

Traz nos ombros a preguiça dos anos
E os ouvidos entupidos de cera
Carrapato grudado no lombo
E feridas de tanta coceira
Ganhou fama esse bicho bugio
Por vadio e campeão da sujeira

Esse bicho, o bugio que alegria
Que sente alergia por água e sabão
Tropeçou em minha simpatia
Pranchando de vez no meu coração

Traz os olhos rodeados de craca
E cascão pela fuça bisonha
Sedento dos pés à cabeça
No sovaco morrinha medonha
Faz gambá extraviar-se do trilho
E zorrilho correr de vergonha

Esse bicho, o bugio que alegria
Que sente alergia por água e sabão
Tropeçou em minha simpatia
Pranchando de vez no meu coração

Composição: Gildinho / João Pantaleão Leite / Luiz Carlos Lanfredi