395px

Clave de Lua

Oswaldir e Carlos Magrão

Clave de Lua

Enquanto a prata luzia
Entre os ramos da figueira
Lentamente fui bordando
Esta milonga campeira
Intercalando silêncios
Com acordes naturais
Dei cancha à goela da noite
E as vozes dos mananciais

Milonga da noite
Milonga da lua
Cantar de fronteira
Compasso charrua
Por mais que te apontem
Lugares comuns
Jamais te enjeito
De jeito nenhum

Temendo assustar os grilos
Evitei as dissonâncias
Pois em derradeira instância
Queria seu contraponto
E a noite já bem madura
Se fez regente chirua
Notando em clave de lua
Escreveu a partitura

Pressentindo que a noite
De paixão se consumia
Um galo madrugador
Chamou a barra do dia
Quedei-me então em silêncio
Tal como fez a guitarra
Fui cevar um mate novo
Ouvindo a voz das cigarras

Clave de Lua

Mientras la plata brillaba
Entre las ramas del higuera
Lentamente fui bordando
Esta milonga campera
Interpolando silencios
Con acordes naturales
Di lugar a la garganta de la noche
Y las voces de los manantiales

Milonga de la noche
Milonga de la luna
Canto de frontera
Compás gauchesco
Por más que te señalen
Lugares comunes
Jamás te rechazo
De ninguna manera

Temiendo asustar a los grillos
Evité las disonancias
Pues en última instancia
Quería su contrapunto
Y la noche ya bien madura
Se hizo regente chirua
Notando en clave de luna
Escribió la partitura

Presintiendo que la noche
De pasión se consumía
Un gallo madrugador
Llamó a la aurora
Permanecí entonces en silencio
Tal como lo hizo la guitarra
Fui a cebar un mate nuevo
Escuchando la voz de las cigarras

Escrita por: João Sampaio