395px

Tres Silbatos

Paulo Márcio Acústico

Três Apitos

Quando o apito da fábrica de tecidos
Vem ferir os meus ouvidos
Eu me lembro de você
Mas você anda
Sem dúvida bem zangada
Ou está interessada
Em fingir que não me vê

Você que atende ao apito de uma chaminé de barro
Porque não atende ao grito
Tão aflito
Da buzina do meu carro

Você no inverno
Sem meias vai pro trabalho
Não faz fé no agasalho
Nem no frio você crê

Mas você é mesmo artigo que não se imita
Quando a fábrica apita
Faz reclame de você
Nos meus olhos você lê
Que eu sofro cruelmente
Com ciúmes do gerente
Impertinente
Que dá ordens a você

Sou do sereno poeta muito soturno
Vou virar guarda-noturno
E você sabe porque
Mas você não sabe
Que enquanto você faz pano
Faço junto ao piano
Estes versos pra você

Tres Silbatos

Cuando el silbato de la fábrica de tejidos
Viene a herir mis oídos
Me acuerdo de ti
Pero tú andas
Sin duda muy enojada
O estás interesada
En fingir que no me ves

Tú que respondes al silbato de una chimenea de barro
¿Por qué no respondes al grito
Tan afligido
Del claxon de mi carro?

Tú en invierno
Sin medias vas al trabajo
No crees en el abrigo
Ni en el frío tú crees

Pero tú eres un artículo que no se imita
Cuando la fábrica silba
Hace reclamo de ti
En mis ojos lees
Que sufro cruelmente
Con celos del gerente
Impertinente
Que te da órdenes

Soy el sereno poeta muy sombrío
Voy a convertirme en guardia nocturno
Y tú sabes por qué
Pero tú no sabes
Que mientras tú haces tela
Hago junto al piano
Estos versos para ti

Escrita por: Noel Rosa