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Gitã

Paulo Netto

Gitã

Às vezes você me pergunta
Por que é que eu sou tão calado
Não falo de amor quase nada
Nem fico sorrindo ao teu lado...

Você pensa em mim toda hora
Me come, me cospe, me deixa
Talvez você não entenda
Mas hoje eu vou lhe mostrar...

Eu sou a luz das estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o mêdo de amar...

Eu sou o medo do fraco
A força da imaginação
O blefe do jogador
Eu sou, eu fui, eu vou..

Gita! Gita! Gita!
Gita! Gita!

Eu sou o seu sacrifício
A placa de contra-mão
O sangue no olhar do vampiro
E as juras de maldição...

Eu sou a vela que acende
Eu sou a luz que se apaga
Eu sou a beira do abismo
Eu sou o tudo e o nada...

Por que você me pergunta?
Perguntas não vão lhe mostrar
Que eu sou feito da terra
Do fogo, da água e do ar...

Você me tem todo dia
Mas não sabe se é bom ou ruim
Mas saiba que eu estou em você
Mas você não está em mim...

Das telhas eu sou o telhado
A pesca do pescador
A letra "A" tem meu nome
Dos sonhos eu sou o amor...

Eu sou a dona de casa
Nos pegue pagues do mundo
Eu sou a mão do carrasco
Sou raso, largo, profundo...

Gita! Gita! Gita!
Gita! Gita!

Eu sou a mosca da sopa
E o dente do tubarão
Eu sou os olhos do cego
E a cegueira da visão...

Euuuuuu!
Mas eu sou o amargo da língua
A mãe, o pai e o avô
O filho que ainda não veio
O início, o fim e o meio
O início, o fim e o meio
Euuuuu sou o início
O fim e o meio
Euuuuu sou o início
O fim e o meio...

Gitã

A veces me preguntas
Por qué soy tan callado
Casi no hablo de amor
Ni sonrío a tu lado...

Piensas en mí todo el tiempo
Me consumes, me escupes, me dejas
Quizás no entiendas
Pero hoy te mostraré...

Soy la luz de las estrellas
Soy el color de la luna
Soy las cosas de la vida
Soy el miedo de amar...

Soy el miedo del débil
La fuerza de la imaginación
El farol del jugador
Soy, fui, seré...

¡Gitã! ¡Gitã! ¡Gitã!
¡Gitã! ¡Gitã!

Soy tu sacrificio
La señal de contramano
La sangre en la mirada del vampiro
Y los juramentos de maldición...

Soy la vela que se enciende
Soy la luz que se apaga
Soy al borde del abismo
Soy el todo y la nada...

¿Por qué me preguntas?
Las preguntas no te mostrarán
Que estoy hecho de tierra
De fuego, agua y aire...

Me tienes todos los días
Pero no sabes si es bueno o malo
Pero debes saber que estoy en ti
Pero tú no estás en mí...

Soy el techo de las tejas
La pesca del pescador
La letra "A" lleva mi nombre
De los sueños soy el amor...

Soy la dueña de casa
En los juegos de pago del mundo
Soy la mano del verdugo
Soy superficial, amplio, profundo...

¡Gitã! ¡Gitã! ¡Gitã!
¡Gitã! ¡Gitã!

Soy la mosca en la sopa
Y el diente del tiburón
Soy los ojos del ciego
Y la ceguera de la visión...

Yooooo
Pero soy el amargor de la lengua
La madre, el padre y el abuelo
El hijo que aún no ha llegado
El principio, el fin y el medio
El principio, el fin y el medio
Yooooo soy el principio
El fin y el medio
Yooooo soy el principio
El fin y el medio...

Escrita por: Paulo Coelho / Raul Seixas