Nas senzalas modernas há um pouco de todo mal
Entre a bala perdida, o app, a culpa e o tribunal
Definhando ao léu na euforia dormente desse carnaval
Abre fogo a ojeriza desse caminho como um temporal

Te arrasta e derrete a sobra do escombro de lucidez
Com o trato bovino empenhado da divina estupidez

O sabor da fome é o rosto atávico da correria
Degustando os pedaços coesos e senis dessa dismetria

O berçário informa o luxo a moldar
A vida exibe a ferida aberta e o desdém

Sob as noites infectas há o incerto para repousar
Desce a rua insegura com a maldade que faz suportar
Sente o nojo, a alegria de quem passa sem notar
Mais um corpo que arrisca a saúde dessa fantasia
Permitir que o rosto sinta o tom que arde o ar
Do chão que se abre toda manhã ao despertar

O sabor da fome é o rosto atávico da correria
Degustando os pedaços coesos e senis dessa dismetria

Composição: Paulo Vitor