Eu trago sangue crioulo
O meu gateado também
Seguimos no mesmo campo
Cuidando o gado de alguém
Tenteando uns cobre mais forte
Melhora dos dias que vêm

Pra quem madruga estrivado
O dia empeça mais cedo
Buçal destino campeiro
Recorrrendo fundo de campo
De parceiro, os cusco oveiro
E um velho cabelos brancos

Ah, meu Rio Grande
Destas tantas invernadas
Do berro grosso de touro
Dos fletes baios e mouros
Das marcas lavradas no couro
Sobre a anca da manada

Ah, meu Rio Grande
Querência minha e de Deus
Das estâncias bem povoadas
Da peonada bem montada
Em crioulos de cola atada
Querência minha e dos meus

Cosa linda, meu Patrício
Repontar o gado pampa
Repassar grota e restinga
Várzea larga, e corredor
Batendo espora e cincerro
Nos flecos do tirador

No campo tudo é peleia
Toda hora, o tempo inteiro
Cai a tarde, volto “às casa”
Cevo um mate, “guardo as garra”
E sigo cantando milonga
Ao compasso da guitarra

Composição: Felipe Araujo / Pepeu Gonçalves