Com quanto a chuva molhou
O Sol noutro dia secou
Qual será o nosso viés
Quando restarem apenas dez?
As vozes todas enraivecidas
Se calaram pálidas sem vida
Onde estará o que nos move
Quando forem somente nove?
A sujeira sob o tapete escondida
Não disfarça mais a ferida
Qual será o mais afoito
Quando ficarem apenas oito?
A tocha que encorajou a mão
Em tempo se tornou carvão
Quem será que se mete
Quando restarem somente sete?
Tantas pedras foram jogadas
Poucas as telhas acertadas
De quem será a vez
Quando estiverem apenas seis?
O ar turvo da fumaça
Tornou-se brisa leve que passa
Qual terá tanto afinco
Quando restarem somente cinco?
A máscara que lutava contra o mal
Espera então o carnaval
Quem fechará as portas do teatro
Quando formos apenas quatro?
A luz que iluminava uns poucos
Não revelava os olhos loucos
Onde é que estarão vocês
Quando restarem somente três?
Na resposta certa pras perguntas
Vieram dúvidas consigo juntas
Quem estará certo, pois
Quando sobrarem apenas dois?
A grande verdade dessa corrida
Não se descobre mesmo em vida
O que teremos em comum
Quando, por fim, formos apenas um?