Sem Memória (part. DK47)
Acordo assustado, mano, que horas são?
Subi na minha magrela, fui comprar um pão
Na banca de jornal vi uma aglomeração
Estranhei pelo horário a movimentação
Senti o frio na barriga tipo uma premonição
Acendi o meu cigarro sem dar muita atenção
Vou seguindo minha meta, voltando pra minha favela
Quem dorme pronto pra guerra tem essa sensação
Quando eu tiro o celular do modo avião
Já começo a ver milhares de mensagens no WhatsApp
Não para de vibrar um monte de ligação
Todo mundo comentando, falando da reportagem
Passando ao vivo pelo canal da cidade
Fui correndo na mesma hora pra ligar a televisão
Não dá pra acreditar que o que eu tô vendo é verdade
Meu mano dentro do ônibus com revólver na mão
Pensa que loucura, imprensa na cobertura
Esquadrão Antibomba, viatura isolando a rua
Chamava de irmão, apelido professor
Porque ia de porta em porta distribuindo leitura
O Bob pede calma, ele não quer negociar
Não dá pra confiar nesse povo de farda suja
Lembra da ditadura? Esse tal Coronel Ustra
Matou o meu avô com maquinários de tortura
Eu falava sobre livro, mas ninguém me dava ouvido
Agora meu irmão em Cristo faz sinal de arma com a mão
O mesmo argumento defendido por políticos
Por isso eu comprei uma pra vocês me dar atenção
Tô liberando as criança, vou liberar as mulher
Machucar um inocente nunca foi minha intenção
Pode chamar de aula, pode chamar de sequestro
No final pra ser honesto todos vão ter uma lição
Eu vejo os capitão do mato tudo posicionado
Atirador do governo tem fuzil de precisão
Eu prefiro ser atingido pelo tiro do inimigo
Mas nunca pela chibata na mão do meu próprio irmão
Nós existe há muito tempo, não existe
Descobrimento
Em abril de 1500 começou a exploração
Os portugueses trouxe a guarda e os padres jesuíta
Porque a cruz e a espada foi a única opção
Tu conhece tua árvore genealógica?
Nós sofre de falsidade ideológica
Aí o playboy acha bonito tacar fogo em índio
Esqueceram do Galdino, povo sem memória
Tu sabe a vida da Anitta, acompanha o Léo Dias
Segue a dica da blogueira e os site de fofoca
Não sabe quem foi Dandara, Ciata, Maria Bonita
Então para de novela e vem pesquisar nossa história
Pra saber que os bandeirante que deu nome a essa avenida
É igual esses milícia que nós tem aqui agora
Matou a Marielle, matou Zumbi dos Palmares
Escravizava os índios e o povo quilombola
Meus heróis nunca viraram estátua
Morreu lutando contra aqueles que viraram
Aí Bial, que se foda o que tu acha genial
Monteiro Lobato é só um racista arrombado
Olha seu menor com boneco do Thor
Loiro de olho verde segurando um machado
Imagina seu menor com um boneco de Xangô
A vizinha passando falando tá amarrado
Todo camburão tem um pouco de navio negreiro
Parece que o futuro tá repetindo o passado
Se fosse pra escolher um bandido de estimação
Eu preferia o Lampião e não o Flávio Bolsonaro
Eu odeio Luiz Alves de Lima Silva
Lembrado como herói em Duque de Caxias
Acabou com a revolta de João Balaio
Que matou o soldado que estuprou suas filha
Tu conhece o nego Cosme e o cara preta
João Cândido e a Revolta da Chibata?
Se conhecesse, ia saber que a princesa Isabel
Tava querendo bancar de fada sensata
Maria Filipa que era arretada
Lutou contra a invasão da tropa portuguesa
Joana Angélica de Jesus
A freira assassinada com uma baioneta
Vocês nunca viram Capitães de Areia
Nunca leram livro de Castro Alves
Adora o Mickey que veio da Disney
Mas ignora todo o nosso folclore
Foda-se a mansão do astro do rock
Foda-se que o Alok vai comprar um Porsche
O problema não é esses cara tá ficando rico
O problema é o Cartola ter morrido pobre
Nem Luiz Inácio nem o Bolsonaro
Esse fanatismo todo me deixa com medo
Vocês esqueceram do nosso passado
O problema começou com Dom Pedro I
O quilombo de Palmares que ficava em Alagoas
Que até hoje é o estado que mais mata jovem negro
Quantos Marcos Vinícius e quantas Ágatha?
Quantos Amarildo, quantos João Pedro?
Quantos nessa guerra vai ficar ileso?
Vou liberar o refém e sair com a mão pro alto
Mas quando ele bota o pé pra fora do busão
É linchado por populares revoltado
Sin Memoria (parte. DK47)
Despierto asustado, hermano, ¿qué hora es?
Subí a mi bicicleta, fui a comprar un pan
En el quiosco vi una aglomeración
Me extrañó por la hora la movilización
Sentí un escalofrío en el estómago como una premonición
Encendí mi cigarrillo sin prestar mucha atención
Sigo mi camino de regreso a mi favela
Quien duerme listo para la guerra tiene esa sensación
Cuando saco el celular del modo avión
Ya empiezo a ver miles de mensajes en WhatsApp
No para de vibrar un montón de llamadas
Todos comentando, hablando de la noticia
Transmitiendo en vivo por el canal de la ciudad
Corrí en ese momento para encender la televisión
No puedo creer lo que estoy viendo es verdad
Mi hermano dentro del autobús con un revólver en la mano
Piensa qué locura, prensa cubriendo
Escuadrón Antibomba, patrulla aislando la calle
Lo llamaban hermano, apodo profesor
Porque iba de puerta en puerta distribuyendo lectura
Bob pide calma, él no quiere negociar
No se puede confiar en esta gente de uniforme sucio
¿Recuerdas la dictadura? Ese tal Coronel Ustra
Mató a mi abuelo con maquinarias de tortura
Yo hablaba de libros, pero nadie me escuchaba
Ahora mi hermano en Cristo hace señal de arma con la mano
El mismo argumento defendido por políticos
Por eso compré una para que me presten atención
Estoy liberando a los niños, voy a liberar a las mujeres
Lastimar a un inocente nunca fue mi intención
Puedes llamarlo clase, puedes llamarlo secuestro
Al final, para ser honesto, todos tendrán una lección
Veo a los capitanes del mato todos posicionados
Tirador del gobierno con fusil de precisión
Prefiero ser alcanzado por el disparo del enemigo
Pero nunca por el látigo en la mano de mi propio hermano
Existimos desde hace mucho tiempo, no hay
Descubrimiento
En abril de 1500 comenzó la explotación
Los portugueses trajeron la guardia y los padres jesuitas
Porque la cruz y la espada fueron la única opción
¿Conoces tu árbol genealógico?
Sufrimos de falsedad ideológica
Ahí el niño rico piensa que es bonito prender fuego a los indios
Olvidaron a Galdino, pueblo sin memoria
Conoces la vida de Anitta, sigues a Léo Dias
Sigues los consejos de la bloguera y los sitios de chismes
No sabes quiénes fueron Dandara, Ciata, Maria Bonita
Entonces deja de ver novelas y ven a investigar nuestra historia
Para saber que los bandeirantes que dieron nombre a esta avenida
Son como estas milicias que tenemos aquí ahora
Mató a Marielle, mató a Zumbi dos Palmares
Esclavizaba a los indios y al pueblo quilombola
Mis héroes nunca se convirtieron en estatuas
Murieron luchando contra aquellos que se convirtieron
Ahí Bial, que le den a lo que piensas que es genial
Monteiro Lobato es solo un racista de mierda
Mira a tu hijo con un muñeco de Thor
Rubio de ojos verdes sosteniendo un hacha
Imagina a tu hijo con un muñeco de Xangó
La vecina pasa diciendo que está atado
Todo furgón tiene un poco de barco negrero
Parece que el futuro está repitiendo el pasado
Si tuviera que elegir un bandido de mascota
Preferiría a Lampião y no a Flávio Bolsonaro
Odio a Luiz Alves de Lima Silva
Recordado como héroe en Duque de Caxias
Acabó con la revuelta de João Balaio
Que mató al soldado que violó a sus hijas
Conoces al negro Cosme y la cara preta
¿João Cândido y la Revuelta de la Chibata?
Si los conocieras, sabrías que la princesa Isabel
Quería hacerse la buena hada
Maria Filipa que era valiente
Luchó contra la invasión de la tropa portuguesa
Joana Angélica de Jesus
La monja asesinada con una bayoneta
Nunca vieron Capitanes de Arena
Nunca leyeron un libro de Castro Alves
Adoran a Mickey que viene de Disney
Pero ignoran todo nuestro folclore
Que se joda la mansión del astro del rock
Que se joda que Alok va a comprar un Porsche
El problema no es que estos tipos se estén haciendo ricos
El problema es que Cartola murió pobre
Ni Luiz Inácio ni Bolsonaro
Este fanatismo me da miedo
Olvidaron nuestro pasado
El problema comenzó con Dom Pedro I
El quilombo de Palmares que estaba en Alagoas
Que hasta hoy es el estado que más mata a jóvenes negros
¿Cuántos Marcos Vinícius y cuántas Ágatha?
¿Cuántos Amarildo, cuántos João Pedro?
¿Cuántos van a quedar ilesos en esta guerra?
Voy a liberar al rehén y salir con las manos arriba
Pero cuando pone un pie fuera del autobús
Es linchado por la gente enfurecida