Mãe preta chamou
Mãe preta chamou

Clareia luar
Mareja os olhos de saudade
Não faltou fidelidade, mesmo longe do rebento
Negras de beleza rara, que vêm da senzala
Pra cumprirem a missão
Do ventre a vida entregue a sorte
Do seio, amamentação
Reluz ternura no olhar
Amor infinito a iluminar
“Amas” de luz banhadas de axé
Salve a força da mulher

Do leite materno gerou os irmãos
Não tem preconceito a ama sofrida
A negra embala o branco nas mãos
No peito é que jorra a seiva da vida

Cantaram canções pra ninar
Curaram na fé de benzer
O sinhozinho foi educado a rezar
Tem no tempero malagueta e dendê
Inspiração na arte e na fotografia
Cultura no palco da folia
O samba descortina o véu
Um busto se ergueu com maestria
No coração da Vila Isabel

Segura, sacode não deixa cair
O surdo marcou, eu tenho que ir
Com a mãezinha a me proteger
Eu sou mocidade e pago pra ver

Composição: Gilmar Cobrinha / JP Bocão / Kelmer Orelha / Selmarino / Selmarino Júnior