Quando as luzes incendeiam o palco
A alma dos desavisados inflama
E a aura propaga um incêndio coletivo
Transforma segundos em infinito
Quantos amores já vi passar
Por meus corredores, minhas coxias
Gravado nas paredes e no tablado
A caixa mágica jamais conta mentiras
Quantos segredos pude guardar
Por meus corredores, minhas coxias
Abre a cortina e vemos os dois
Num mixto de dores e alegrias
Mas Arlequim saiu de cena bem antes do fim
E da plateia quem pode imaginar
O inconfessável de um camarim
Com sangue deu cor aquela rosa
Que agora jaz cinza e morta
No cemitério dos amores fracassados
Pierrot chora
Pierrot chora
O ator... o ator
Pierrot chora
Pierrot chora
O ator... o ator... chora
Noite após noite
Se renasce, se morre
Aqui se percorre
O mistério do ser
Do riso mais largo
Ao maior pranto da alma
Viver tudo de uma vez
Transbordar é nossa lei
Perder-se entre o real
início, ato final
Pierrot, troca então de máscara
Que já vem o carnaval