Disse Machado: Ao vencido, ódio e dor
Mas quem vence sente o mesmo ardor
Drummond viu pedras no caminho
E nelas fez seu próprio ninho
Não sou nada, disse Pessoa um dia
Mas em suas palavras, nascia poesia
Guimarães contou: Viver é perigoso
No sertão da alma, tudo é duvidoso
Lygia escreveu: O tempo é um véu
Oculta verdades num mundo cruel
Clarice sentiu: A alma reluz
Mas também queima, fogo e luz
Lima Barreto viu a pátria esquecida
Enquanto Lobato semeava a vida
Jorge Amado, em cheiro e cor
Pintou o Brasil com tinta e amor
Liberdade, Castro Alves clamou
Em versos ergueu quem nunca andou
Gonçalves Dias, ao longe, sonhou
Com a terra que um dia voltou
Lygia escreveu: O tempo é um véu
Oculta verdades num mundo cruel
Clarice sentiu: A alma reluz
Mas também queima, fogo e luz
Entre prosa e verso, quem há de saber?
Se a vida imita a arte ou quer se perder
Mas se resta dúvida no coração
Lemos de novo, e há solução
Lygia escreveu: O tempo é um véu
Oculta verdades num mundo cruel
Clarice sentiu: A alma reluz
Mas também queima, fogo e luz