Olho pela janela e o vento bate em meu rosto
Não sei bem o que procuro, talvez algum sentido
Meus olhos fitam a Lua que as nuvens encobrem
Nem mesmo as nuvens parecem saber aonde ir
O que será que há por detrás daquelas montanhas?
Onde paira um imenso, vazio e escuro céu
Será que é de lá que vem toda essa dor?
Ou será que é lá que está a cura?
Algumas vezes eu penso que é tarde pra lutar
Outras vezes eu penso que é cedo pra desistir
À noite a Lua ajuda a iluminar o caminho
Mas nem sempre ela está no céu pra ajudar
Existe ainda essa voz que me sussurra a dor
Que consegue trazer a luz e a agonia ao mesmo tempo
Voz que corta como uma lâmina, e queima como o fogo
Mas que também me cura e me faz erguer
Malditas grades, essas grades que me prendem aqui
Que me sufocam e me fazer ter medo
Grades que trancam meu mundo e minhas ideias
Grades feitas de rancor e de respeito
Grades feitas de amor e de ingratidão
Ninguém pode me prender senão eu mesmo
E é exatamente isso, que esse tempo todo eu tenho feito
Explodam essas grades, matem meu corpo, mas libertem minh'alma
Caminhar, caminhar e caminhar, sem sentido ou lugar
Meus pés me matam de dor, e não chego a lugar nenhum
Eu ando em círculos eu machuco meus pés
Eu corro para alcançar, eu corro para fugir
Mas parece que a dor é mais rápida, a sombra está sempre alí
O escuro não me deixa chegar a lugar algum
Nada em volta tenciona me ajudar, há espinhos para me ferir
Meu coração clama por ajuda, nada iria adiantar
No silêncio da noite se ouve um grito de agonia
Me pergunto porque só eu posso ouvir?
Gritos no silêncio da minha alma
Gritos de dor e sem sentido, gritos de medo
Ouço a voz sussurrar mais uma vez, ela parece falar comigo
Mas é tarde demais para ouvir, a sombra da morte me abraça
Agora já não posso sentir mais nada, enfim a dor terminou
A última lágrima seca no chão, ninguém saberá se valeu a pena ou não