Joguei fora os meus remédios
Os engodos para o amor
As ciladas para o tédio
Pois para as dores do amor
E as agonias do tédio
Não há remédio
O amor bonito é pleno, é cheio
Não permite tédio ou dor
Se é metade fica feio
Transforma-se em desamor
Amar é arte perfeita
Sem artifício enganador
Sendo assim não se sujeita
Aos placebos para o amor
É raro o amor sem dor
É raro o amor sem tédio
Não sendo o meu raridade
Pois que é de intermédio
De amor e tédio metade
Joguei fora os meus remédios
Joguei fora os meus remédios
Meus ardis para o amor
Também despachei o tédio
E mandei embora a dor
E com ela o desamor
O amor puro é sempre rico
Sem tristeza, tédio ou dor
Sendo o meu pobre, abdico
Deste em prol de outro amor
Joguei fora os meus remédios
Meus enganos para o tédio
Meus sofismas para o amor
E o coração renasce em flor