Entrega

Descalço venho dos confins da infância
Que a minha infância ainda não morreu.
Atrás de mim em face ainda há distância,
Menino Deus, Jesus da minha infância,
Tudo o que tenho, e nada tenho, é teu

Venho da estranha noite dos poetas,
Noite em que o mundo nunca me entendeu
Vê trago as mãos vazias dos poetas.
Menino Deus, amigo dos poetas,
Tudo o que tenho, e nada tenho, é teu

Feriu-me um dardo, ensanguentei as ruas
Onde o demónio em vão me apareceu.
Porque as estrelas todas eram suas
Menino irmão dos que erram pelas ruas
Tudo o que tenho, e nada tenho, é teu!

Quem te ignorar ignora aos que são tristes
Ó meu irmão Jesus, triste como eu
Ó meu irmão, menino de olhos tristes,
Nada mais tenho além dos olhos tristes
Tudo o que tenho, e nada tenho, é teu!

Entrega

Descalzo vengo de los confines de la infancia
Que mi infancia aún no ha muerto
Detrás de mí en la cara todavía hay distancia
Querido Dios, Jesús de mi infancia
Todo lo que tengo, y no tengo nada, es tuyo

Vengo de la extraña noche de los poetas
La noche en que el mundo nunca me entendió
Veo que traigo las manos vacías de los poetas
Querido Dios, amigo de los poetas
Todo lo que tengo, y no tengo nada, es tuyo

Golpeé un dardo, ensangrenté las calles
Donde el diablo en vano se me apareció
Porque todas las estrellas eran tuyas
Niño hermano de los que erran en las calles
¡Todo lo que tengo, y no tengo nada, es tuyo!

Quien te ignora ignora a los que están tristes
¡Oh mi hermano Jesús, triste como yo!
Hermano mío, ojos tristes
No tengo más que ojos tristes
¡Todo lo que tengo, y no tengo nada, es tuyo!

Composição: Carlos Gonçalves / Pedro Homem De Melo