Deixo tudo assim.

Não me importo em ver a idade em mim,

ouço o que convém. Eu gosto é do gasto

Sei do incômodo e ela tem razão

quando vem dizer que eu preciso sim

de todo o cuidado.


E se eu fosse o primeiro a voltar

pra mudar o que eu fiz,

quem então agora eu seria?

Tanto faz que o que não foi não é.
Eu sei que ainda vou voltar... mas eu quem será?

Deixo tudo assim, não me acanho em ver

vaidade em mim. Eu digo o que condiz.

Eu gosto é do estrago.


Sei do escândalo e eles têm razão

quando vêm dizer que eu não sei medir
nem tempo e nem medo.

E se eu for o primeiro a prever
e poder desistir do que for dar errado?

Ah, ora, se não sou eu quem mais vai decidir o que é bom pra mim?

Dispenso a previsão!


Ah, se o que eu sou é também
o que eu escolhi ser aceito a condição.


Vou levando assim

que o acaso é amigo do meu coração

quando fala comigo, quando eu sei ouvir...

Composição: Rodrigo Amarante