O bandido e o mocinho, são os dois do mesmo ninho
Correm nos estreitos trilhos, lá no morro dos aflitos
Na Favela do Esqueleto, são filhos do primo pobre
A parcela do silêncio que encobre todos os gritos
E vão caminhando juntos, o mocinho e o bandido
De revólver de brinquedo, porque ainda são meninos

Quem viu o pavio aceso?
Do destino
Quem viu o pavio aceso?
Do destino

Com um pouco mais de idade e já não são como antes
Depois que uma autoridade inventou-lhes um flagrante
Quanto mais escapa o tempo dos falsos educandários
Mais a dor é o documento, que os agride e os separa
Não são mais dois inocentes, não se falam cara-a-cara
Quem pode escapar ileso do medo e do desatino?

Quem viu o pavio aceso?
Do destino
Quem viu o pavio aceso?
Do destino

O tempo que é pai de tudo e surpresa não tem dia
Pode ser que haja no mundo outra maior ironia
O bandido veste a farda da suprema segurança
O mocinho agora amarga um bando, uma quadrilha
São os dois da mesma safra os dois são da mesma ilha
Dois meninos pelo avesso, dois perdidos Valentinos

Quem viu o pavio aceso?
Do destino
Quem viu o pavio aceso?
Do destino

Composição: Sérgio Sampaio