Guardai duas palavras
Que escondi no coração
Nas linhas cruzadas
Da palma minha mão
Ambas proseguem
Cada qual com o seu tino
E só por instantes
As reúno seu destino

É quando a laços dados
Em sinal de oração
E a Deus me confesso
Ignorando a razão
Sorte ou desventura
Elas são como sinais
E sendo bem diferentes
Aparecem como iguais

Filhas do mistério
Que em mim tenho gravado
Traça o caminho
Das linhas do meu fado
E como a água
Que percorre a corrente
Elas são futuro, passado e presente

O mau sonho
Que nos cega de ansiedade
Arde como lume
E como manda a vontade
O teu segredo
Que ignoro e não pergunto
Se no fado há lei só Deus sabe desse assunto

Composição: António Chaínho