A Crucificação
Maurício Gringo
Fita o Mestre, da cruz, a multidão fremente
A negra multidão de seres que ainda ama
Sobre tudo se estende o raio dessa chama
Que lhe mana da luz do olhar clarividente
Gritos e altercações! Jesus, amargamente
Contempla a vastidão celeste que o reclama
Sob os gládios da dor aspérrima, derrama
As lágrimas de fel do pranto mais ardente
Soluça no silêncio. Alma doce e submissa
E em vez de suplicar a Deus para a injustiça
O fogo destruidor em tormentos que arrasem
Lança os marcos da luz na noite primitiva
E clama para os Céus em prece compassiva
Perdoai-lhes, meu Pai, não sabem o que fazem!
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