Flor do Cardo

Dói-me ser a flor do cardo
Não ter a mão de ninguém;
Tenho a estranha natureza
De florir com a tristeza
E com ela me dar bem

Dói-me o Tejo, dói-me a lua
Dói-me a luz dessa aguarela
Tudo o que foi criação
Se transforma em solidão
Visto da minha janela

O tempo não me diz nada
Já nada em mim se consome
Não sou princípio nem fim
Já nada chama por mim
Até me dói o meu nome

Dói-me ser a flor do cardo
Não ter a mão de ninguém
Hei-de ser cravo encarnado
Que vive em pé separado
E acaba na mão de alguém

Flor de Cardo

Me duele ser la flor del cardo
No tener la mano de nadie
Tengo la extraña naturaleza
Para florecer de tristeza
Y con ella, ponme bien

El Tajo duele, la luna duele
Duele la luz de esa acuarela
Todo lo que era la creación
Se convierte en soledad
Visto desde mi ventana

El tiempo no me dice nada
Ya no se consume nada en mí
No soy ni el principio ni el fin
Ya nada me llama
Incluso mi nombre duele

Me duele ser la flor del cardo
No tener la mano de nadie
Voy a ser un clavicordio rojo
Que vive en pies separados
Y termina en la mano de alguien

Composição: