395px

Pieza Extraña

Baba de Cobra

Peça Estranha

Levantei em tempo presente
Que amiúde se desdobra em dois.
Ajustei claro em minha mente
O que não se deixa pra depois.
Parei para ouvir do dia
Sua música experimental.
Gozei doce enquanto eu lia
Fragmentos de explosão verbal.

Avistei nuvens e foguetes
De traçados quase angelicais.
Desmontei um ou dois macetes
Pra entender de coisas maquinais.
Lambuzei a cara com sorvetes
Entre exaltações sensoriais.
Enfrentei pedras e porretes
Como fossem fatos naturais.

E eu meio que não faço caso,
Tem mais do que eu vi em sombras de mil tensões,
E ao meio nunca me reparto,
Brincando de ler entranhas de mil canções.

E eis-me aqui neste degredo
De toda coerência,
E aqui não há segredo,
Só bruta experiência
Eis aqui este degredo
De toda coerência,
E aqui não há segredo
Nem visos de ciência

Aplaudi vendo bem de perto
A mosquinha azul em plena ação.
Redigi breve manifesto
Pela sua divinização.
Caí na toca da aranha
Me expandindo entre suas projeções.
Pari essa peça estranha
Martelada entre os meus botões.

Pieza Extraña

Levanté en tiempo presente
Que a menudo se desdobla en dos.
Ajusté claro en mi mente
Lo que no se deja para después.
Pausé para escuchar del día
Su música experimental.
Disfruté dulce mientras leía
Fragmentos de explosión verbal.

Avisté nubes y cohetes
De trazados casi angelicales.
Desmonté uno o dos trucos
Para entender de cosas maquinales.
Embarré mi cara con helados
Entre exaltaciones sensoriales.
Enfrenté piedras y palos
Como si fueran hechos naturales.

Y medio que no hago caso,
Hay más de lo que vi en sombras de mil tensiones,
Y en medio nunca me reparto,
Jugando a leer entrañas de mil canciones.

Y aquí estoy en este desastre
De toda coherencia,
Y aquí no hay secreto,
Sólo bruta experiencia.
Aquí está este desastre
De toda coherencia,
Y aquí no hay secreto
Ni visos de ciencia.

Aplaudí viendo bien de cerca
La mosquita azul en plena acción.
Redacté breve manifiesto
Por su divinización.
Caí en la telaraña
Expandiéndome entre sus proyecciones.
Parí esta pieza extraña
Martillada entre mis botones.

Escrita por: Fernando Hipólide