395px

Juicio de un Toro

Cezar e Paulinho

Julgamento de Um Boi

Se os animais falassem
Ouviríamos agora o depoimento de um boi
Que matou um toureiro
Para salvar sua própria vida

Eu fui laçado, e arrastado da capoeira
E foi, de qualquer maneira, me jogaram na prisão
Ajoelhado, implorava nessa hora
Amarrado na gaiola, como se fosse um ladrão

Mas eu confesso aos senhores jurados
Tentei pular o alambrado e fugir pro estradão
Mas nessa hora, pelos homens fui barrado
Veja meu corpo marcado por pancada e por ferrão

E lá na arena, neste beco sem saída
Para não perder a vida, triste luta eu enfrentei
Todo o aplauso era pro meu inimigo
Temendo grande perigo, desesperado chorei

Mas não sabia, o toureiro desumano
Que em defesa dos rebanhos, muitas feras derrotei
Com minha alma envolvida na tristeza
Em legítima defesa, para não morrer, matei

Lida a sentença, se diga ao bem da verdade
Me foi dada a liberdade de voltar pro meu rincão
Na despedida, eu disse quando partia
Sei que vou morrer um dia, por capricho do patrão

Então serei retalhado em pedacinhos
Pra alimentar seus filhinhos, no recheio de seu pão
A minha carne lhe darei nesse momento
Em forma de pagamento da minha absolvição

Juicio de un Toro

Si los animales hablaran
Escucharíamos ahora el testimonio de un toro
Que mató a un torero
Para salvar su propia vida

Fui lazo y arrastrado del corral
Y de cualquier manera, me arrojaron a la cárcel
Arrodillado, suplicaba en ese momento
Atado en la jaula, como si fuera un ladrón

Pero confieso ante los señores jurados
Intenté saltar la cerca y huir hacia el camino
Pero en ese momento, fui detenido por los hombres
Miren mi cuerpo marcado por golpes y por espuelas

Y allá en la arena, en este callejón sin salida
Para no perder la vida, triste lucha enfrenté
Todos los aplausos eran para mi enemigo
Temeroso de un gran peligro, desesperado lloré

Pero no sabía, el torero desalmado
Que en defensa de los rebaños, muchas fieras derroté
Con mi alma envuelta en tristeza
En legítima defensa, para no morir, maté

Leída la sentencia, se diga en bien de la verdad
Se me dio la libertad de regresar a mi hogar
En la despedida, dije al partir
Sé que voy a morir un día, por capricho del patrón

Entonces seré despedazado en pedacitos
Para alimentar a sus pequeñitos, en el relleno de su pan
Mi carne le daré en ese momento
Como forma de pago de mi absolución

Escrita por: Manoel Vidal / Miguel Vidal