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Abuelo Campesino

César Passarinho

Avô Campeiro

Bigode branco retorcido e largo
Amarelado de palheiro e tempo
De ti me lembro, meu avô campeiro
Cerne angiqueiro grudado a raiz
De rusilhonas, esporas lavradas
Dois panos largos da bombacha griz

Quando encilhavas, bem quebrado o cacho
Se atiçava meu olhar, guri
E chuleando à tua estampa
A própria pampa eu enxergava em ti

E o teu mouro, que ao bancar das rédeas
Ao teu entono se quedava igual
Abaralhando aos floreios da coscoja
Me parecia ter o freio musical

Avô camapeiro dos conselhos buenos
Do meu petiço e do meu pão de mel
Para mim tu fostes, meu avô campeiro
Mescla de rei e de Papai Noel

Abuelo Campesino

Bigote blanco retorcido y largo
Amarillento de paja y tiempo
De ti me acuerdo, mi abuelo campesino
Madera de angico pegada a la raíz
De rusilhonas, espuelas labradas
Dos paños largos de la bombacha gris

Cuando ensillabas, bien quebrado el mechón
Se encendía mi mirada, pibe
Y admirando tu figura
La propia pampa yo veía en ti

Y tu caballo, que al tomar las riendas
A tu tono se quedaba igual
Enredando los floreos de la coscoja
Me parecía tener el freno musical

Abuelo campesino de los buenos consejos
De mi niñez y de mi pan de miel
Para mí fuiste, mi abuelo campesino
Mezcla de rey y de Papá Noel

Escrita por: UBIRAJARA RAFFO CONSTANT